Tiago Polido, ex-aluno da UTAD e ex-treinador da equipa da AAUTAD/Realfut, conquistou um lugar na final da primeira divisão liga italiana, como técnico do Arzignano-Grifo.
Nas duas mãos da meia-final, o técnico português, venceu num jogo e empatou no outro, contra o Napoli, num encontro que teve mais de mil espectadores.
Agora, o primeiro técnico português a comandar uma equipa da liga mais importante de futsal italiana, vai defrontar o Luparense na final, equipa que detém o título.
Tiago Polido, em discurso directo ao Vila Real on Line, explica o passado, o presente e o que espera do futuro.
1- Como te sentes neste momento, em que conseguiste chegar à final da liga italiana?
Contente, pelos jogadores, directores e tiffossi, mas não satisfeito, pois não conseguimos mais, do que a oportunidade de disputar a final. Final essa que será encarada com um só pensamento. Só vencendo ficaremos na História e abriremos portas para o Futuro.
2- Alguma vez pensaste que poderias chegar a este ponto tão depressa, tendo em conta que começaste a tua carreira há meia dúzia de anos?
Tenho a plena consciência que hoje estou neste cube e que amanhã posso estar como adjunto de outro colega, trabalhando numa equipa técnica com a mesma motivação. O importante é que sempre procurei tomar decisões em conformidade com os meus objectivos e ambições, procurando a motivação adequada. è importante compreendermos o fenómeno desportivo e sabermos que dependemos de muitos factores. Só assim, poderemos aplicar-nos ao máximo naquilo que fazemos. Foi assim que sempre fiz e vou continuar a fazer independentemente dos resultados ou das portas que se vão abrindo.
Fundamental è a continua formação e humildade na busca infinita pelo melhoramento.
3- Da forma como chegaste aqui, quase que parece fácil... foi fácil ou nem por isso?
Não cheguei a lado algum. Sou feliz porque faço o que gosto. Nada na vida é fácil.
A partir do momento que descobri o que queria, tratei de dar tudo. Sei que já possuo algumas experiências interessantes mas também predispus-me em determinados momentos a sacrificar-me, tanto a nível familiar, social como económico, abdicando de certas prioridades até então vistas como tal.
Crivar prioridades foi uma das chaves a nível profissional.
4- Consideras-te um bom exemplo para os alunos da UTAD que estudam desporto?
Enquanto estudante activo (refiro-me aos 4/5 anos de Universidade) nunca fui o aluno exemplar do ponto de vista docente. No entanto, uma vez enquadrado e identificado numa área, cedo comecei a tratar de aglutinar/procurar o máximo de informação possível, que me fizesse crescer enquanto profissional. Desde então, desencadeou-se a permanente e progressiva descoberta (ainda que nem sempre cientifica) da modalidade Futsal, bem como de todas as outras modalidades que de uma forma ou de outra ajudam a melhor compreender/caracterizar a Modalidade em questão. Se entendermos o mercado de trabalho como o campo de batalha, onde quem tiver melhores armas sairá vencedor, facilmente percebemos que o caminho a seguir è o da especificidade/competência.
5- e agora, como prevês a final italiana?
Será um Derby de VENETO (região que inclui as cidades de Veneza, Vicenza e Verona). Como tal, penso que as diferenças que em teoria deveriam existir, reflexo das distintas campanhas de ambas as equipas na fase regular, serão suprimidas. Temos muita "fome de vencer" mas o Controlo emocional será fundamental. Assim como, a capacidade que qualquer uma das equipas demonstrar, para manejar de forma inteligente os ritmos de jogo, bem como a marcha do marcador, nas duas eliminatórias. A eficácia, essa, estará a cargo de excelentes executantes, tanto de uma como de outra parte.
Como qualquer final penso que será um jogo onde o risco será muito calculado e onde nenhuma das equipas quer cometer erros. No entanto, devido ao ADN de cada uma das equipas, poderá contar-se do ponto de vista ofensivo com uma equipa da Luparense que a espaços terá o domínio do jogo com uma posse de bola, baseada num jogo colectivo muito forte em contraste com a Verticalidade por vezes exagerada do Arzignano que pese a grande qualidade de alguns jogadores, denota por vezes um individualismo que se sobrepõe a uma táctica grupal. No plano defensivo, a equipa que melhor gerir as transições ofensivas contrarias de forma ajustada bem como a questão das faltas, terá um ascendente.
6- Depois de chegar aqui, algo menos do que a conquista da liga italiana vai parecer pouco?
Sem duvida alguma. Sabemos que jogamos contra o actual Campeão e detentor da Taça. Mas isso só nos dará ainda mais alento para superar todas as adversidades que por certo nos irão colocar.
7- E o futuro? Vai depender da final da liga, ou já tens definido se vais continuar no Arzignano-Grifo?
Felizmente o clube tem a sensibilidade para não fazer depender os seus projectos futuros, de eventuais conquistas no presente. O importante è lançar bases para se poder vencer, se possível muitas vezes e de forma continuada. Nos últimos tempos o clube tem feito um esforço para melhorar toda a sua estrutura, dotando-a de Pessoas capazes e profissionais.
Quanto ao meu futuro nada está definido. Desde o primeiro dia ficou acordado com o Presidente que só falaríamos no final. Como tal, assim o faremos.