Três investigadoras da UTAD realizaram um estudo em que provaram que actividades ancestrais como a latoaria e a tanoaria utilizam muita matemática para construir os utensílios ligados a estas duas artes. A experiência foi levada para as salas de aula, onde os alunos aplicaram as fórmulas matemáticas e construíram os seus próprios utensílios.
Chama-se etnomatemática e trata-se de um ramo da ciência matemática que prova que a matemática está em muitas actividades do dia a dia sem que, muitas vezes, as pessoas se apercebam que estão a utilizar fórmulas desta ciência considerada tão complicada para os portugueses em geral.
Foi o caso dos oito artesãos que foram entrevistados pelas investigadoras da UTAD, Cecília Costa, Paula Catarino e Maria Manuel Nascimento. De todos eles, apenas um latoeiro, o mais novo e com o ensino secundário completo, é que tinha a consciência da “extensão de conhecimentos matemáticos” que utilizava para realizar os utensílios.
Os outros, que aprenderam a profissão com os pais ou com os mestres, não tinham conhecimento do uso da matemática nas suas artes, mas as investigadoras notaram até que alguns deles utilizam ferramentas “parecidas com as que se usavam na geometria da antiguidade”.
As investigadoras realizaram este estudo com três objectivos distintos. “Um regresso dos alunos às suas origens, fazer a ligação da UTAD à região e trabalhar a matemática num contexto de etnias e profissões muito específicas”, explicou a investigadora Cecília Costa, que considerou a experiência muito positiva.
Os alunos “acolheram muito bem esta experiência” e mostraram-se “muito entusiasmados”. As escolas Miguel Torga, em Sabrosa, Camilo Castelo Branco, agrupamento Digo Cão e agrupamento Monsenhor Jerónimo Amaral em Vila Real e a Júlio Carvalhal, em Valpaços, foram palco desta experiência, de levar os “exemplos concretos do uso de matemática” para a sala de aula, com os alunos do quinto ao nono ano a participarem neste projecto, tendo realizado inúmeras experiências matemáticas em artes ou actividades locais, como as receitas do folar, os brasões e até a madeira.
Aliás, a importância do estudo elaborado pelo grupo de investigadoras da UTAD, levantou o interesse de um investigador da Universidade do Minho, que publicou recentemente um livro sobre etnomatemática, que contou com a colaboração das investigadoras, que passaram para dois capítulos do livro, a sua experiência